quinta-feira, 1 de março de 2012

Meu lápis Preto

Estes dias fui comprar uma caneta -- as minhas já não escreviam mais -- e vi que já estava na hora de comprar pelo menos uma nova. Não tem nada pior do que você precisar escrever alguma coisa e não ter nem um pedaço de carvão por perto, e sabe-se que sempre que recebemos uma ligação tão esperada vem um recado e não se tem nada para escrever, as vezes nem um bendito pedaço de papel.
Bazar à dentro, setor de materiais escolares...  Material escolar? Sim, era a última semana antes do início do ano letivo, para ser mais correto uma quinta-feira, uma manhã onde eu queria apenas comprar uma caneta. 
Prateleiras à frente!  Bom, meu desespero já começara antes, pois adoro canetas; um gosto estranho eu sei, mas se tem gente que gosta de colecionar latinhas de cerveja sem bebê-las, eu gosto de canetas.
Acreditava eu que iria escolher apenas entre uma preta de ponta fina, ou uma azul de ponta grossa, no máximo uma com um pedacinho de borracha, pois suo muito nas mãos e uma destas seria a melhor. 
Ponta retrátil? 
Com tampa ou sem? 
Nada disso, acredito que nunca tenha visto tantas cores, modelos, tamanhos, espessuras de canetas diferentes na frente, e olha que o bazar não era lá dos maiores, eu não fazia idéia que poderia ter uma infinidade tão grande de escolhas. Uma marrom chocolate com brilho, emborrachada de ponta média? NãoQuem sabe uma vermelho escarlate com ponta retrátil  e ranhuras para não escorregare de brinde ela ainda vem com uma micro lanterna na ponta para momentos de insônia, aquele em que acordo na calada da noite e resolvo escrever uma nova versão de Lusíadas, ou  Primo Basílio.
Dúvida cruel.
enquanto eu olhava as já não tão simples canetas que seriam usadas na forma mais simples -- já que era apenas escrever algo em um pedaço de papel, me deparo com uma outra pilha na meio do corredor, infinitas – e olha que as canetas já eram bem infinitas – caixas de lápis de cor, com 12 unidades, 6 unidades, emborrachados. Bem, amigos! Imaginem um arco-íris em forma de caixas de lápis de cor, dispostas em enormes pilhastodas a espera de alguém que não iria apenas olhar sua beleza colorida mas tomá-las para si --  lembrando que eram arco-íris feitos de madeira de reflorestamento e não tóxicos. 
A frente da pilha um pai, com uma pequena lista na mão,  e na outra uma cesta com alguns cadernos, papéis coloridos. Junto a ele, na frente da infinita pilha, uma menininha de uns 9 ou 10 anos, não mais que isso. Ela, com toda a sinceridade de uma criança pergunta ao pai, que está ali tão contrariado e apavorado como todos os outros que  no mesmo abatedouro se debatem:
- Pai, aqui estão os lápis de cor, qual eu pego?
E o pai, cercado de toda a sua experiência familiar, uma pessoa que já passou por no mínimo uma meia dúzia de vezes por esta situaçãoresponde:
- Escolhe uma e vamos.
Se eu já fiquei uns bons minutos na frente de uma prateleira com infinitas canetas, querendo levar apenas algo pra escrever qualquer coisa em qualquer lugar, com qualquer cor, imaginem só a menina que,  frente a um arco íris infinito de cores, preços e de mais outras coisas que ela nem sabe o que são e que existiam deve ter pensado naquela hora:
- Da próxima vez venho com minha mãe.
Por que complicar o que já é tão complicado, não é? A volta  às aulas já é uma experiência tão traumática por si só, aí  vem alguém e a faz ser pior ainda...
Dúvida cruel? Qual caneta eu levo!!!  

Revisão: SSS - Silvestre Silva Santos
Inspirado: Thiago Oliveira Godoi
Mais inspirada ainda: Josi Valentim

Um comentário:

Felipe Dias disse...

Muito bom!!!
Mas fiquei curioso.
Que caneta comprou??