A morte está sendo banalizada

Ontem no programa da Ana Maria Braga uma reportagem me chamou a atenção, e não só a minha mas como a de toda redação do jornal onde eu trabalho.
Uma entrevista com o pai do menino Wesley Andrade, morto na sala de aula por uma bala perdida (?) enquanto escrevia no caderno que desejava ser bombeiro para tentar fazer algo pelas pessoas.
A apresentadora chorou e com ela muita gente na minha volta se emocionou, um milhão de e-mails chegou na caixa dela logo após o término do bloco, reclamando que seu prgrama deveria ser de entretenimento e não um apelo jornalistico ou policial.
Hoje logo no primeiro bloco ela deu o ultimato que muita gente ainda não parou pra pensar.
Milhares de casos de morte acontecem dia pós dia, a todo instante, perto ou longe das nossas casas, escolas e o que as autoridades, a população tem feito pra diminuir essa realidade chocante?
Nada. Absolutamente nada.
Hoje tomei café. Ontem vi meu namorado. A vizinha está esperando um bebê. O chefe mudou de sala. A faculdade fez uma greve. O filho mais velho da Cissa morreu atropelado. O gerente do banco morreu assassinado. A Eliza Samudio morreu de forma violenta. Nasceu três filhotinhos do gato da minha vizinha. Meu amigo trocou de carro.
A morte está sendo banalizada. Está sendo algo tão comum perder a vida, ver crianças morrendo na porta das escolas, bebês sendo violentados, familias sendo dilaceradas, mães perdendo seus filhos e filhos perdendo o direito da convivência com seus pais. Tudo isso está ficando comum demais, tão banal como tomar café da manhã todo dia.E ninguém faz nada. Só cruza os braços ou lê o jornal com uma palavra de sentimento presa na boca. "Mas porque tanta crueldade?"
Bato palmas pro programa dela ter espaço para abordar de forma tão aberta e sincera temas como esses de forma a citar nomes, a culpar pessoas e a defender o direito das pessoas que pagam impostos, que querem viver.
Assim como o advogado criminalista José Carlos Tórtima disse eu gostaria de finalizar meu texto de hoje. "Se toda mídia usasse do bom senso e da justiça e não tentasse apenas incriminar, nem este caso (bruno) nem outros seriam mal julgados. Pois a opinião distorcida da mídia compromete a opinião pública e assim a dos jurados."

Justiça.
E que quem tem qualquer que seja a mídia em mãos.... a use em favor da paz!