Quando pequena, acreditava em conto de fadas. Meu pai sempre muito centrado, dizia que meus pés saiam do chão, das suas citações a que trago comigo viva na memória é "A vida bate, pode ter certeza a vida é tão justa que ela bate, cedo ou tarde judia, por isso pé no chão."
Quando adolescente, cheia de desafios e vontades de conquistar o mundo, parecia dificil pra mim concentrar os pés no chão. Mas meus olhos, sempre ávidos, atentos ao meu redor, observavam a vida de quem sempre foi o meu maior e melhor exemplo, meu pai.
Hoje, coisa que tem se tornado rara, entrei no msn, e toquei nas recordações ao falar com um amigo sobre o meu pai, ele é jornalista e fara um trabalho sobre Dependencia Quimica, Matheus Aguilar, pagodeiro, por vezes roqueiro, que conheci na sala de redação do jornal onde trabalhei.
Pra quem ainda não sabe, meu pai tem uma fazenda, chamada CRISSMA que trata dependentes químicos, com triagem na chácara onde quando criança agente dormia na rede comendo bergamotas miudas e ouvindo meu avô tocar viola sentada numa cadeira de praia.
Lembrei tanta coisa boa... hoje o orgulho imenso que sentia desse homem é maior. Quando pequena eu já o dividia com crianças que por ironia do destino, foram abandonadas, retiradas dos pais ou arrancadas das ruas, ele era dirigente das Aldeias SOS Brasil, uma espécie de pai postiço, meu Pai trabalhou na cruz vermelha, ajudou muita gente a converter seus pensamentos a Deus e a Maria através de seus dias e dias de trabalho nas igrejas que frequentava, e agora... lá naquele lugar onde eu cresci, onde aprendi a cortar grama com meu avô, onde passava os fins de semana... agora lá naquele mesmo pedaço de história, meis uma raiz em favor do bem, em favor da ajuda ao próximo, uma luz se acende para ajudar quem já não está resistindo a tanta escuridão, e mais uma vez a imagem do meu pai toma minha cabeça.
Agora não me sinto uma adulta, preciso de muitas vivências pra me tornar uma, mas sou mãe, e quero muito poder mostrar pra minha filha a vida do mesmo jeito que meu pai me mostrou.
Sem nunca dizer não faça isso, sem proibir, sem muitos medos, om certas cobranças... mas acima de tudo com compreenção, pulso firme e muito muito coração.
E quando eu me sentir completa, na sombra de uma árvore vou conversar com Deus e perguntar porque a vida judia tanto? Podia ser diferente né? A fé, a coragem pra inovar, a ajuda ao outro como uma corrente do bem... tudo isso podia nascer com agente.
Mas meu pai tinha razão... a vida primeiro bate... e quando nosos pés estão no chão... ela ensina.
Boa sorte Matheus, e pra chácara da minha infância muita fé e coragem... muita gente precisa daquele lugar pra nascer denovo, assim como eu um dia precisei pra crescer.
A dependencia quimica não precisa parar na cadeia ou em um túmulo, ela pode ser a luz de uma vida nova.
CRISSMA - Centro de recuperação e inserção social São Miguel Arcanjo
Doações: 99493257 // 96534759
Contato: jbcrissma@hotmail.com ou valentim.jo@gmail.com
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