Realizar o vôo

Tudo na nossa vida se transforma, é um efeito borboleta.
Primeiro a lagarta, rastejando entre um caule e outro optando entre a curva esquerda do galho ou a direita até que tudo faz sentido, ela finalmente encontra seu lugar e pára. Ali é seu lugar.
Ela então espera, dorme, se fecha num casulo e faz dele sua morada, com a espera vai ganhando lindas asas, cores mais vibrantes e sua "casca" vai tomando forma. Até que, novamente esse lugar antes maravilhoso e aconchegante se torna estranho. Ela quebra a casca e descobre as suas lindas e gigantescas asas coloridas e as bate, rebate, atrás da nova descoberta até que enxerga uma novidade: Ela finalmente entende para que servem!
E sem medo deixa pra trás sua casa e vai em busca da luz e voa. Voa em busca da liberdade. E naquele momento a paz é voar, livre, olhando pra trás se orgulhando de estar ali no ar. Talves a borboleta até sinta falta da sua casca fechada que foi a sua linda morada; mas ela sabe que desde lagarta iriam haver transformações que certamente a levariam mais longe.
E ela segue em frente, até que morre. Morre lindamente. Depois de ter voado e vivido todas as etapas de sua vida curta.
...
Eu contei essa historinha pois tenho seis borboletas tatuada no corpo. Elas representam pra mim a liberdade de escolha, a liberdade de voar, a transformação e um recomeço.
E eu me sinto hoje vivendo o momento de recomeço. Se as escolhas até aqui foram incorretas ou corretas não sei. Sei com certeza que foi EU que as fiz. E cabe a MIM arcar com as consequências e seguir em frente pra fazer que tenham valido a pena.
Estava lendo meu blog pois estava com uma saudade de casa inexplicável a ponto de voltar pro RS e deixar tudo aqui, (as vezes leio e releio alguns textos pra me encontrar, como se este blog fosse extensão de mim), e li um texto datado em abril de 2008 onde escrevi : "ainda vou morar numa ilha linda, na beira do mar e serei feliz é esse meu sonho hoje." Foi então que eu chorei. Chorei de uma forma engraçada, sem sentir dor, ou emoção ou qualquer sentimento que leva ao choro. Eu nem sei descrever o que senti. Só chorei.
Sei é que me vi e me senti realizada.
Eu moro numa ilha! Estou na beira do mar e estou buscando a realização de várias coisas para ser feliz, embora para estar aqui eu tenha aberto mão de pessoas e coisas. (E ai mora a consequência da minha escolha de estar onde estou.)
Gente... eu estou aqui, o universo conspirou a favor do meu sonho e eu estou aqui... que porra é essa de desistir???
Chorei. Chorei.
E ainda estou em lágrimas mas elas agora tem um gosto de alegria.
Porque quando me senti perdida e comecei a reler esse blog eu estava decidida a desistir e me sentindo um tanto triste...um tantão enormemente triste. Enormemente? Sim inventei essa palavra pois nada poderia descrever o tamanho da minha tristeza e da minha saudade.
Mas se eu realizei um dos meus sonhos que era estar aqui... porque diabos vou sucumbir a dor da saudade e deixar de percorrer meu caminho em busca de outro sonho? Se eu consegui uma vez conseguirei outra!
...
Me sinto mais leve escrevendo quem em conhece sabe o quanto as palavras me fazem bem e o quanto amo escrever. Então.. de cabeça erguida alinhei neste instante de leveza minhas asas azuis e desejo a todos uma boa noite, vou sonhar um pouco e planejar a forma para transformar a saudade que sinto das minhas meninas Manoela e Ísis, em força e foco, meu objetivo agora é estabilidade para trazê-las pra perto de mim. Meu sonho agora é vê-las brincando na areia branca da Praia enquanto as observo crescer.

Durmam bem e sejam borboletas! Voem! Acreditem, se é possivel sonhar é possivel realizar!
Amém.