sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Feliz?

A Rô me perguntou o que entendo por felicidade. Sorri e perguntei "Porque?" "Ah Jô, eu queria saber se tu é feliz assim como parece e tentar saber se eu sou também... parece que as coisas ruins sempre são maiores que as boas e o quaintal do vizinho sempre mais verde que o meu. Ainda tô tri perdida."
Me deu um nó em cada artéria que envolve meu coração.
Como uma pessoa que tem esta dúvida e se espelha na felicidade alheia pode ser feliz? Porque as pessoas insistem em palpitar a felicidade alheia através de uns poucos momentos de sorrisos ou através de uma conversa na sala de espera do dentista? Porque acham que felizes são as capas de revista? Só porque parecem?
Nem tudo que parece é.
Dia desses folheando um livro da Martha Medeiros dei de cara com uma citação que veio a calhar agora, " a minha felicidade não é a tua e a tua jamais será a mesma que a minha."
Quem é que sabe da minha felicidade além de mim? Porque as pessoas querem obeter uma felicidade que nunca acaba e que nunca para de se mostrar? Que faz abolição total da tristeza e das lágrimas?
Da minha felicidade cuido eu, sinto eu e sou feliz sim, sempre que dá. Nos mais loucos e inóspidos momentos eu sou extremamente feliz. Mas não sempre. Porque seria chato demais. Eu adoro ter momentos de raiva e pânico, eu gosto de chorar tomando banho de chuveiro ou ouvindo meu cd dos Beatles jogando Majhon. E mesmo assim, debaixo do choro me sinto feliz.
Hoje pela manhã por exemplo, fiz uma limpeza de ultrasom em toda a arcada dentária e um clareamento, quando me olhei no espelho cai na gargalhada, não contive a felicidade de ter terminado um tratamento que vinha se arrastando à quase um ano. Dei um tchauzinho pro dentista e volto só daqui dois meses pra revisar. Me senti feliz. "Bah agora tô gatona e com presas brancas! Tchau!" O dentista riu."Volta pra dar uma revisada e se quiser branquear mais dentro de sessenta dias, pra dar um tempo pro dente."
Odeio cheiro de consultório dentário e o fato de só voltar lá daqui sessenta dias me fez sentir feliz. Bobagem? Pode ser pra ti. Mas pra mim foi mais um up.
A Manu disse agora a pouco que ia trocar de roupa e que não ia fazer bagunça.
Em exatos cinco minutos e meio ela tirou TODAS  as roupas do armário e jogou TODAS as sandálias sobre a cama. Eu quase chorei. "Manu pra que fazer isso? Vai me deixar louca menina! Eu tinha organizado tudo!" "Ah mãe, nada combina com minha sandália da Hello Kitty!" Eu dei uma bronca, virei as costas quase chorando de raiva porque ontem eu havia arrumado tudo no lugar, mas logo depois que me virei, comecei a rir quase em silêncio pra não perder a credibilidade, e me senti feliz. Minha pequena fazendo desfile de moda e tendo crises de menina mimada porque a sandália não combina com nada? Lembrei de mim, de quando criança e um monte de coisa me veio na cabeça a ponto de me fazer esquecer a bagunça e só pensar em como ela está ficando grande, linda e moderninha demais! Fiquei feliz denovo.
Só eu sei dos meus momentos e o que me deixa feliz. Mais ninguém, não compare meus momentos com os teus... cada um tem aquilo que merece e faz por merecer.
 **
Pra Rô eu disse que sou feliz sempre que dá e quando não dá tento imaginar que podia ser pior. As vezes agente aprende a mascarar os sentimentos e os anula pro sofrimento ser menor ou parecer menor.
Mas feliz mesmo é quem quer, quem faz por onde. Eu não busco a felicidade, eu vivo meus momentos e rio com eles. Nod demais momentos chatos eu choro, eu grito eu brigo e esperneio. Passa a raiva e ai... advinha? Dou risada sozinha lembrando do rompante de bobagens que eu extravazei.
Mas o nó no peito permanece sendo cortante e cruel, pois nos olhos dela eu só vejo uma busca louca e torturante por algo que ela não sabe o que é.
E é tão simples... e depende só dela!

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