segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Gol

Eu sempre amei escrever eu acho que tudo começou com a ajuda da minha professora do pré, que tinha um nome de bruxa, a Giselda, que com toda a paciência que a professora do Jardim de infância deveria ter, me ensinava a juntar as letras.
Lembro quando escrevi "bola" pela primeira vez,(não sei se foi minha primeira palavra, acredito que não, mas é a primeira que eu consigo me recordar). Ela me olhou e disse: "muito bem josinha escreveu bola!" - comecei a me sentir orgulhosa e ela interviu "agora escreve..."fiquei perdida, devo ter errado mil vezes ate acertar a nova palavra do ditado e foi neste dia que iniciei minha vida. Porque?
Ora porque, ali eu ví que não iria bastar escrever bola, era preciso escalar o time completo.. ia ser preciso dizer parabéns e junto dar o abraço e o presente, seria preciso dizer que iria chegar as dez e completar com quem e onde eu iria. Dali pra frente eu descobri que nada seria exato a não ser dois mais dois, tudo viria com etcetera, com um que a mais, com uma segunda pergunta... resposta atras de resposta... uma ação e uma reação. Uma palavra só não basta é necessário mais e mais.. uma frase inteira.
Eu até hoje me perco com as palavras, até hoje elas me fojem quando sento na frente do computador ou pego a caneta na mão. Até hoje eu sinto que as palavras perambulam na minha cabeça e quando resolvem aparecer na minha boca já se transformaram em outra coisa qualquer. Uma espécie de fuga.
Ando perdida entre pensamentos, ações e sentimentos nos ultimos dias.Não sei ao certo quais palavras eu deveria usar muito menos que sentimento devo escutar... pior ainda o que deve ser feito. Só que mesmo assim eu sei e tenho uma certeza exata do que eu quero e o que eu quero viver. Que frase vou iniciar, que palavra vou usar pra intutular essa mudança. Descoberta.
Assim como descobri que as palavras pecisam de uma e mais uma e pontos e vários etceteras para se tornarem um texto sobre futebol, eu vou precisar de iniciativa e coragem para descobrir como recomeçar e redescobrir aquela que se perdeu ou seria se enganou?
Perdi bastante tempo agindo, pensando e tomando atitudes somente minhas e muitas vezes pensadas para que aos olhares alheios não me julgassem, o que deu? Gol que não foi. Acredite. Foi bola na trave. Foi aquela frase que aprendi no jardim, a bola na trave. E cansei, cansei de amar pela metade, de ser uma Josi pela metade, mãe pela metade, profissional pela metade, estudante pela metade, esposa pela metade. Minha vida era cheia de títulos e algumas poucas frases. Um texto que não tinha fim. A bola ficava no meio de campo.
Resolvi que vou mudar, tá na hora de marcal um gol, mesmo que (eu espero que não sinceramente) lá na frente eu me arrependa e descubra que estava enganada.

...
Hoje entrei no orkut e li um texto que meu pai escreveu e finalizou com as palavras pai e mãe, não sem antes dizer que me amavam e queriam minha felicidade. Me emocionei lendo, chorei um  monte pensando no que eu estava fazendo e fiquei me perguntando até onde as atitudes podem atingir quem nos rodeia.E deixando bem claro pra mim o quanto podia copiar do exemplo deles e o quanto eu podia fazer diferente.
Contive a emoção e desembestei a escrever este texto porque eu sei mais do que ninguém o que eu desejo e principalmente o que eu vivo. Sei o que se passa dentro de mim, dentro da minha casa, sei da saudade que sinto das minhas filhas quando vou trabalhar (enquanto sou julgada por deixá-las pra trabalhar) eu sei que é preciso trabalhar estudar, ser independente ai não me culpo e saio todos os dias enquanto dormem para voltar quando não raras vezes já estão dormindo, sei quantos lenços de papel eu gastei no fim do mês por não ter grana pra pagar um MC ou levar a Manu pra passear, sei o quanto dói não ser a melhor amiga do meu marido e ele não ser o meu, sei das dificuldades pelas quais passo calada e dos sorrisos forçados que uso como máscara quando digo que está tudo bem, quando na verdade desejava dizer que estava triste, irritada e limitada a viver uma vida que eu não queria só para agradar, para ser racional e convencional.
Meus pés fojem do chão? E dai? Crie raizes se você nunca quiz fazer diferente, jogar tudo pro alto. Acha errado lutar pelo que se deseja? Respeito tua opinião, mas respeite a minha.
Não vou ficar copiando a frase da bola na minha biografia. Quero ir mais além, mesmo que o além seja morar na outra esquina e ficar sozinha todas noites. Coisa que eu vinha fazendo sem reclamar muito (porque as vezes reclamava).
Odeio usar o blog como válvula de escape.
Mas preciso escrever o que eu penso antes que eu acabe perdendo o fio do que me vem na cabeça.
Eu amo o Fábio. Eu amo minhas filhas. Eu me amo. Amo minha familia. Mas quero escrever mais do que a palavra bola, quero escalar o time, fazer o gol acontecer. E sei que o cartão vermelho vai ser levantado pelas mais diversas pessoas. Mas eu preciso libertar o grito de gol.

Nenhum comentário: